terça-feira, 16 de agosto de 2016

Há sempre o momento certo de retomar as construções autorais. Faz um tempo que não acesso esse espaço. Hoje ouvindo Beethoven senti um frio tomar meu corpo e me transportei para cá. Há tantos caminhos a trilhar e tantas palavras a dizer. Os poetas geralmente são insones, destemperados e buscam incessantemente a palavra que dê conta de suas emoções. Eu busco além das palavras, busco as imagens e os silêncios que o vento acalenta. A noite fria e chuvosa de agora me inspirou a ouvir sons de cachoeiras enquanto me digo aqui. Acho que jorro cachoeiras de saudades de mim. Como ter me silenciado tanto, como ter contido a voz e a narrativa que sou e que me dou? Conto esta história daqui a um tempo, quando as feras tiverem curado minhas feridas. As minhas feras estiverem serenizadas e toquem de leve a face do tempo. Sou assim.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Cartografando minha palavra.

Hoje sentada em minha mesa no trabalho, vislumbrando uma tarde cinza que insiste em cair, ouvi Paulo Freire sussurrando em meus ouvidos que eu devia fechar minhas portas e não deixar mais que o opressor se aloje em mim. Fiz isso de alojar quem me oprime por uns bons 40 anos. Em mim habitavam todas as vozes que diziam o que era certo e o que era errado. Desde ao meu modo de ser até como eu fazia as coisas. Eram vozes fortes, intensas, que muitas vezes me amordaçavam mesmo quando eu estava sozinha. A mordaça era grande, a sensação de estrangulamento intensa e nada me fortalecia o bastante para resistir ou lutar contra cada uma delas. Precisei morrer por dentro, adoecer como um todo com a dor dessa pressão para poder destrancar as portas de mim e expulsá-las todas, ou quase todas. Talvez ainda uma resida aqui, me fazendo chorar e alimentar o medo que algumas vezes me faz retroceder ou calar. Como li em um fragmento de um texto: "Paulo Freire já não está entre nós, ou melhor, está em todos nós da rede que teceu... o pensamento, a práxis, enfim o legado de Paulo Freire, não pertence a uma pessoa ou a uma instituição. Pertence a quem precisa dele, e ele tinha consciência de que o que havia escrito pertencia àqueles por quem lutava: os oprimidos." A cada postagem que faço estou exercitando a dizer a minha palavra, me dizer um pouco. Hoje estou com vontade de chorar, uma pressão no peito, porque vi na fala de outra mulher as vozes opressores se manifestando, e ela as incorporando como dela. Preocupando com o que os outros vão dizer se a virem fazendo isso ou aquilo. Uma atitude que já tive muitas vezes, mas que aprendi e estou aprendendo a identificar para não deixar a porta aberta ou escancarada para os opressores que nos rondam todos os dias. Esta tarefa de superação exige esforço e dedicação quase diuturnas. Em cada frase que formulo ou cada posição que assumo diante do mundo estão eivadas, em potência, da dor causada pela opressão. Há na sociedade a opressão sobre os menos favorecidos, há uma luta de classes instaurada e perene. Há em nós, em cada um de nós uma luta interna para superar os discursos que nos formaram e deformaram e sairmos em busca da palavra que nos diz. Precisamos construir um discurso nosso, que tenha o meu cheiro e a minha marca. Freud tanto nos ensinou que somos impregnados de marcas que adquirimos ao longo da vida, mas se faz necessário que desenvolvamos a capacidade de identificar essas marcas e desenharmos nosso próprio mapa. Nossa cartografia, aquela do meu desejo, a que Delleuze tão bem definiu como a atitude de cartografar: desmanchar mundos e dar vida a novos mundos. Assim vivo eu, desfazendo meus mundos interiores e construindo novos mundos que muitas vezes pulam para fora de mim.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Faceano sempre, pra não perder o hábito

Olhe menina, vou te contar: Domingo de Páscoa sem ovos de chocolate, com signos e símbolos, pegando o narrador pela mão e passeando pela teoria da mente modular e as três matrizes e como se não bastasse, mergulhar no mar da experiência e seu saber. Corro para o banho e agora corro em direção a um bom café, porque o meu cognitivo exauriu e precisa de novas energias.
Planalto, fim de tarde, um café, o sol se despedindo e portanto tenho certeza que verei coelhinhos brotarem do horizonte e se transformarem em borboletas...
Ave a literatura e o contador de histórias!!!
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Anda com soninho, mas firme e forte discutindo o conceito de Ciência, vindo rastreando as diversas visões desde a Grécia e agora estamos passando por Bacon e o método. Em paralelo à aula, já estou me sentindo mergulhar em uma cachoeira para que a passagem seja sem dor. Afinal vim da água como muitos de vocês, a perdida Atlântida ainda povoa minhas veias e meu imaginário. Ἀτλαντίς sou sua filha.

Felicidade é utopia, é meta, é farol. Eu quero a vida, a vida em plenitude, com seus percalços e seus tropeços. Quero a vida, como a água que corre, que abre novos leitos, experimenta novas formas a cada tempestade. Quero as energias dos raios, dos ventos. Quero ser inteira e firme como as colunas dos templos antigos, porque como dizia o poeta: eles passarão e eu passarinho".
Linda Pesach para todos nós!!
Noite serena de segunda-feira recebendo boas vibrações do Jobim Sinfônico que rola no DVD, lendo a Arte de Pesquisar aprendendo que pesquisador é o mais pesquisado porque se implica naquilo que busca, vendo Outono em Nova York com suas folhas amarelecidas e sentindo nos pés o vento frio de abril que se inicia. E por que não acrescentar a navegação no Face que me atira em diversas direções, vou do Cristo Redentor iluminado à bucólica Pirenópolis... enfim anoitecendo para melhor madrugar.
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O fim de tarde, poucas nuvens, calor silencioso. No horizonte, lá em cima da colina uma procissão de carros se arrasta lentamente. Por que não ter asas e sobrevoar tudo isso e queimar como fênix de encontro ao Sol?
Ventre fértil que se fecha, que se contrai, expulsa no mundo tuas crias se contorcendo de dor e se transfigure em outra dimensão. Parte e não retornes, renasça.
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Uma poltrona confortável, uma luz em foco sobre a página e silêncio. Uma carícia do papel nos dedos, cheiro de tinta tipográfica. Recuperando o prazer do texto impresso. Minhas paixões: textos e seus suportes.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Minha companheira

Quando teus olhos cansarem de olhar o infinito, você tem os meus infinitamente te admirando.
Quando tuas mãos perderem a força, some tuas forças às minhas.
Quando teu corpo se encurvar com o tempo, façamos dos nossos alavancas.
Quando se sentires só, ouça o silêncio porque o meu acalanto vem em ondas até te sentires acolhida.
Tracemos juntas, uma estrada e uma ponte, porque nossos passos podem caminhar na mesma direção.

Impressões ao amanhecer

A noite veio com respingos de chuva e para acompanhar seu som, um bom vinho, um olhar que dá e recebe. Noite a dentro a suavidade dos sussurros que só o silêncio escuta. Amanhecer morno, repleto de cheiros e sabores. E a estrada me tomou pela mão e por ela banhada de névoa e sol amanheci nesta quarta-feira.
Uma rosa se abriu bem na minha frente, linda! E a contemplei devagar enquanto a fumaça do café desenhava horizontes diante dos meus olhos.... Coisas que eu sei!

domingo, 1 de janeiro de 2012

Vendo e me revendo

Dia 31/12/2011, casa ensolarada, a galera jovem acordando a pouco depois de ver o sol nascer na maior folia. Massinha de acarajé já preparada, sopinha de lentinha em preparo para a passagem de ano. Os filhos saltitantes para o primeiro Reveillon fora de casa. O mais velho indo para o Pontão do Lago Sul e o mais novo para o Lago Norte.
Eu e mainha e quem mais aparecer vamos romper 2012 por aqui, depois da meia-noite eu ganho os telhados e vou ver o sol nascer bem acompanhada!!!
Se quiserem comer acarajé conosco, as portas de uma casa baiana estão sempre abertas!!

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Na vida, nas relações humanas em geral precisamos aprender a escutar, a silenciar, a chegar e a partir.
Quando silenciamos, ouvimos mais profundamente a nós mesmos, quando escutamos deixamos que um outro mundo enriqueça o nosso, quando nos aproximamos entramos em sintonia e vibramos melhor. E por fim, quando partimos da vida de alguém, vamos pulsar em outra sintonia, enriquecidos com tudo aquilo que aprendemos e ampliamos nosso espectro de ação.
Somos campos de energia em expansão. Morrer é explodir para dar vida a um novo cosmos rico em energia.
Ave 2012!! Que a Grande Deusa nos permita esse novo ciclo!


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Primeiro dia de 2012, as ruas calmas,o sol dando o ar da graça, a cidade se espreguiçando para viver um novo ciclo. Eu conversando com mainha e falando das verdades e das máscaras enquanto dirigia calmamente pelo Lago Norte. Agora, visitando o perfil dos amigos faceanos e todos eles começando a acordar nesse início de noite. Fotos das festas, frases de otimismo, promessas de mudanças de postura e principalmente, cada um a seu modo, renascendo, buscando um devir.
Que venha a vida, mesmo que seja como um filete de água ou como um turbilhão de vento, mas que venha. Eu? Mais vivida, mais fortalecida e muito mais ciente das minhas verdades.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Faceando a vida cotidiana

Eu ando pelo mundo prestando atenção Em cores que eu não sei o nome... ando pelo mudo tentando dar tons de preto e branco para eternizar os momentos, para entender as palavras que se calam no olhar da criança com frio na calçada, no agudo da voz da cantora que se ergue em meio às águas dançantes e para suportar o frio e o silêncio do Planalto em noite de chuva.
Voltando da Cantata de Natal na Torre de TV de Brasília. Um belo encontro de luz, som e vozes. Imagens projetadas em ritmo e cadência. Assim também batia meu coração, certo de que traçou os caminhos certos, fez as escolhas certas, promoveu encontros necessários, mas que muito ainda tenho que trilhar para chegar perto do coração selvagem da vida como queria Joyce e como lutou bravamente Clarice Lispector. Ave Palavra, Ave Marias, Ave todas as faces da Grande Deusa!!!!

A pele que habito diz pouco de mim. Os olhos que me permitem ver o mundo dizem muito de mim. A minha emoção transborda a partir daqueles que habitam tantas outras peles. O tempo dirá quem sou, depois de eu ter sido, para além dos territórios que habitei e para além das peles que me envolveram e para além dos olhos com os quais eu troquei mundos.
Almodóvar e Anzieu sabem do que estou falando: O Eu pele!
Estamos rodando a ciranda e batendo tambores como nossas ancestrais!!!! Aprovamos a legalizacao e discriminalizacao do aborto!!!! Vitoria para as mulheres brasileiras pobres e negras e para o pais na construcao de uma nova historia. Mas a luta continua para que se torne lei.
Cansada, de nariz no chão... mas feliz demais!!!!! Debatemos o dia inteiro a problemática da mulher brasileira, votamos as propostas de políticas públicas que garantam igualdade de gênero, rumamos assim para a plenária final dia 15/12.
Depois reuni a galera jovem da minha casa e fomos comer crepe no Tio Gu(niver do Rafa) e fechamos com chave de ouro dançando reggae no show de Zélia Duncan. Abalou o Centro de Convenções de Brasília.
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